Sahara

Do árabe “ṣaḥrāʼ” (صحراء), e significa deserto.  Ou seja, dizer “Deserto do Sahara” é, redundante, é como se estivesse dizendo “Deserto do Deserto”. Quando falamos do Sahara, nos referimos ao maior deserto quente do mundo, que cobre grande parte do norte da África.

A maior parte da Mauritânia é coberta pelo Sahara, especialmente o norte e o centro do país.

 

 

Deserto é só areia?

Eu cheguei com aquela imagem clássica de um deserto feito só de dunas intermináveis e foi uma surpresa descobrir que não é bem assim. As paisagens do Sahara se alternam entre dunas douradas, extensões rochosas e oases, criando cenários muito variados. Além disso, o deserto abriga uma diversidade surpreendente de fauna e flora adaptadas ao ambiente árido.

 

Nômades

Os povos nômades que vivem no deserto são chamados Sahrawis e falam o hassaniya, um dialeto fortemente influenciado pelo berber e por formas mais antigas do árabe, devido às raízes dos beduínos nômades.

“Uma prática da sociedade nômade é a de aceitar tudo e não acreditar em nada”- pensador islâmico Hamden TAH.

 

 

Também teve perrengue

Mas não só de romance vive o deserto. Um trecho da autoria de James Anderson resume bem a experiência – “no deserto, o que não te mata, te irrita, e provavelmente vai te matar da próxima vez.”

A saga épica das meias no Sahara

Minha sandália, a única que levei por ser a mais fiel escudeira de tantas caminhadas, não resistiu ao calor da areia e arrebentou logo no primeiro dia. A solução foi improvisar: vesti uma meia por cima da sandália para manter o solado preso. Por sorte, eu tinha levado alguns pares extras — que, uma a uma, foram sendo destruídas, numa mistura apocalíptica de areia, espinhos e buracos. Andar descalço era impensável, não apenas pelo calor intenso, mas também porque a areia estava infestada de minúsculos espinhos, que grudavam no pé, na roupa, em tudo. No fim, sobrevivi intacta. Mas as meias… ah, as pobres meias. Elas ficaram para trás, enterradas como mártires anônimas daquele deserto impiedoso. Dizem que até hoje, se você caminhar por aquele deserto e prestar atenção ao vento, poderá ouvir sussurros contando a lenda das “Meias Guerreiras”.

*Moral da história: nunca vá para o deserto com apenas um par de sapatos. Ou de meias.

Camelos – os “navios do deserto”

Os camelos são criaturas de uma dignidade silenciosa. Podem armazenar água e suportar temperaturas extremas. Não imploram, não se preocupam em agradar, não tão nem aí pra fama, pra drama ou pra calor de 50 graus. Carregam o deserto inteiro nas costas e ainda olham pra você como quem diz: ‘Problema teu, irmão.’ Camelo é a definição ambulante de ‘não me enche o saco.’ A única coisa capaz de tirar eles do sério são as moscas.

Os poucos arbustos pelo caminho pareciam inofensivos à primeira vista, mas seus galhos escondiam espinhos dolorosamente perceptíveis ao toque. E enquanto esses arbustos surgiam do nada para me atacar, os camelos conseguem se alimentar deles, mesmo com seus espinhos enormes! Suas papilas gustativas funcionam como pequenos “escudos” internos, ajudando a guiar os espinhos pela boca sem causar ferimentos. Além disso, os camelos mastigam de forma cuidadosa, evitando se machucar.

 

Menu no deserto

A culinária do deserto é uma experiência única: basicamente consiste de leite e carne de camelo ou cabra, tâmaras, cuscuz, chá de menta e um pão artesanal — assado num buraco cavado na areia, que seria muito bom se não viesse com crocância extra de areia em cada mordida. E tudo isso coberto com uma camada extra de moscas. E o chá de menta é servido fervendo, no meio do Sahara… Porque claro, o que você mais quer no deserto é um chá QUENTE. No final, você não sabe se comeu ou se passou por uma iniciação espiritual.

 

 

Conclusão

Viajar pelo Sahara é mais do que passear de camelo — é uma experiência sensorial completa. Você vai ver paisagens de tirar o fôlego, ouvir histórias de uma cultura complemente diferente, e, quem sabe, deixar para trás algumas meias como oferenda. Mas, entre perrengues e paisagens de outro mundo, o Sahara te ensina que o essencial cabe nas costas de um camelo, que o silêncio tem peso e que somos realmente um grão de areia. Se você busca uma aventura que desafia corpo, alma e sola do sapato — o Sahara te espera. Só não diga que eu não avisei…